O consumidor mal
teve tempo de "respirar" diante do aumento da bandeira vermelha patamar 2
(de R$ 3,50 para R$ 5 a cada 100 kWh), que vigora neste mês, e já tem
de se preparar para mais altas na conta de energia. O governo cogita
acionar usinas termelétricas que produzem energia a um preço mais caro
que as atuais e também estuda manter esse tipo de usina em operação
durante o período chuvoso para preservar os reservatórios das
hidrelétricas. Além desses dois fatores, que podem pressionar a tarifa
elétrica, os subsídios cobrados na conta de luz do próximo ano irão
aumentar em relação aos praticados em 2017.
A tudo
isso soma-se a previsão de que o País deve terminar este ano com apenas
16% de reserva energética armazenada no Sistema Interligado Nacional
(SIN), considerando-se a água existente e a que chegará nos
reservatórios das hidrelétricas do Brasil até 31 de dezembro deste ano.
Caso isso se confirme, será o pior patamar da história, superando os
23,2% atingidos em dezembro de 2016.
O
consultor em energia e presidente da Estudos e Projetos Elétricos, João
Mamede Filho, defende que existe o risco de o País sofrer apagões, assim
como houve no início dos anos 2000, embora o governo negue essa
possibilidade. "O governo afirma que não tem risco, mas não detalha
isso. Não se sabe com que cenário ele está trabalhando, se é um cenário
otimista, com regularidade de chuvas", afirma.
Dependência
Segundo
ele, a dependência crescente do abastecimento energético proveniente
das termelétricas torna a possibilidade de um colapso no sistema mais
concreta. "Nós temos conhecimento de que a situação de muitas térmicas é
crítica. Quando precisam desligadas para fazer manutenção, o ONS
(Operador Nacional do Sistema Elétrico) diz para não desligá-las. Seria
algo crítico nós precisarmos totalmente das termelétricas por um tempo
muito grande", defende. O consultor salienta que, no caso de apagão no
Sistema Interligado Nacional, todas as regiões do País devem ser
atingidas, "exceto o Sul, que tem uma capacidade de geração muito
grande".
O
ministro de Minas e Energia, Fernando Coelho, admitiu que o governo está
estudando liberar o acionamento das termelétricas fora da chamada ordem
de mérito. "Todas as grandes termelétricas já estão praticante todas
ligadas. O que o governo pretende resgatar são as termelétricas que
foram construídas na época do apagão anterior (em 2001 e 2002), com
geradores muito pequenos, que nem chegaram a servir para aquela época",
explica João Mamede Filho. "A energia desse tipo de térmica que o
governo quer jogar no sistema é bem mais cara em relação às atuais",
compara o consultor em energia.
O
presidente da Estudos e Projetos Elétricos prevê que o governo tome uma
decisão sobre a utilização dessas usinas no fim deste mês, "porque o
período chuvoso está começando agora no Sudeste, e a meteorologia vai
dando as previsões para os próximos meses".
Racionalização
A
respeito das possíveis altas na tarifa de energia que podem ser
anunciadas, Mamede diz que "isso é um pequeno sinal de racionalização,
de obrigar a população a ter mais cuidado, consumir menos energia. O
governo já deixou claro que o consumidor tem que consumir com
sustentabilidade de energia. Por trás disso, está a pressão de se
economizar energia, de se evitar qualquer tipo de racionamento".
Diário do Nordeste
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