O período chuvoso trouxe as Doenças Diarréicas Agúdas (DDA),
popularmente conhecidas como "Virose da Mosca". O gestor do Posto de
Saúde Paulo Marcelo, Layn Tiago, informou que, apenas na unidade, 23
casos foram registrados neste mês, o equivalente a mais de um por dia.
Em entrevista ao O POVO, o médico infectologista, professor da
Universidade Federal do Ceará (UFC) e reitor da Universidade da
Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (Unilab),
Anastácio Queiroz, explica que, na chuva, há moscas em muitos locais e
os insetos são veículos de transmissão de doenças uma vez que têm as
patas sujas por pousarem em muitos locais.
A partir disso, as pessoas podem ser contaminadas tanto pela água como
pelos alimentos, contraíndo, portanto, uma virose gástrica, que é
autolimitada, o que implica dizer que o próprio sistema de defesa do
corpo combate a infecção e que os remédios servem somente para aliviar
os incômodos sintomas, como diarreia e vômito.
Queiroz ressalta que, em caso de apenas diarreia, pode ser feito um
tratamento via oral com soro caseiro, por exemplo. Entretanto, em caso
de os sintomas incluirem vômito, o soro deve ser aplicado na veia.
Principais formas de contrair a doença
O professor informa que, geralmente, ocorre de as pessoas não lavarem as
mãos, lavarem de modo errado ou com água imprópria. Com as mãos sujas, é
feito o contato com alimentos e, também, com crianças pequenas. "É
muito comum os adultos pegarem nas crianças, o adulto bota a mão do bebê
e a doença é contraída".
Virose da mosca?
Sobre o conceito, Queiroz esclarece que, embora muito usado, não
corresponde exatamente a realidade. A mosca é apenas mais um dos vários
veículos de contaminação, que não tem nenhuma particularidade em relação
aos outros. Uma bactéria ou vírus pode ser repassado por infinitas
formas. O espirro e a tosse são algumas delas.
Prevenção
Queiroz dá dicas simples de prevenção às viroses: lavar as mãos;
preparar os alimentos preferencialmente com água potável. Ele afirma que
as formas de proceder são adicionando gotas de cloro ou fervendo o
líquido. O médico também ressaltou a importância de cobrir os alimentos
e, no caso de crianças pequenas, ter cuidado com as mamadeiras. "Todo
cuidado é pouco", alerta
Impactos da chuva
"Quem mais adoece é quem vive em áreas alagas, com goteiras", coloca o
médico. Normalmente, diz Queiroz, as pessoas se abrigam em locais de
muita aglomeração para fugir das chuvas. "A aglomeração de pessoas
facilita a doença", afirma o reitor, citando, por exemplo, ônibus e
escritórios.
A professora do departamento de biologia da Universidade Federal do
Ceará (UFC), Ana de Fátima, explica que, nesta época do ano, os cuidados
devem ser redobrados. Ela observa que Fortaleza, assim como todo o
estado, não tem uma boa coleta de lixo.
Conforme a professora, as moscas - e também os mosquitos - põem seus
ovos perto da água: folhas, árvores ou, até mesmo, em um copo de café.
Vômitos, diarreias, dores abdominais, dores pelo corpo, coriza, moleza e
ardência nos olhos estão entre os sintomas da virose.
O POVO Online
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