A Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme)
divulga, no dia 18 de janeiro, a primeira previsão de chuvas para o
próximo trimestre - fevereiro, março e abril - de 2019. O órgão não
antecipa os estudos climatológicos, mas outras instituições
meteorológicas parceiras revelam que a tendência é de precipitações
abaixo da média.
Os estudos com base em modelos meteorológicos são preocupantes pois a
maior parte do território cearense já enfrenta sete anos de chuvas
abaixo da média. E é justamente no sertão onde estão localizados os
reservatórios que abastecem os centros urbanos do interior e a Região
Metropolitana de Fortaleza (Castanhão, Orós, Banabuiú, por exemplo),
onde as chuvas estão mais escassas.
Reservatórios
Caso as previsões sejam confirmadas, a crise de abastecimento deve se
agravar no Estado. "O quadro ainda não é desanimador, mas há uma forte
tendência de as chuvas ficarem abaixo do índice normal e de serem muito
irregulares", afirmou o meteorologista do Instituto Nacional de
Meteorologia (Inmet) do 3º Distrito de Recife, Ednaldo Correia de
Araújo.
"Vão ocorrer períodos sem chuva (veranicos), vai chover muito bem em uma
área e em outra, não", complementa. Ainda segundo Ednaldo Araújo, pelos
estudos realizados até o momento, o acumulado neste ano deve ficar
abaixo do registrado em 2018. "Se ficasse igual ao ano passado, era
razoável", ponderou.
El Niño
Acerca da formação do El Niño (aquecimento das águas superficiais do
Oceano Pacífico), fenômeno que influência na redução de chuvas no
Semiárido nordestino, o meteorologista observou: "Está praticamente
caracterizado, mas será fraco e vai trazer redução de chuvas para a
região em março e abril".
A climatologista do Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos
(Cptec/Inpe) do Ministério da Ciência e Tecnologia, Alice Macedo,
observou que o trimestre (fevereiro, março e abril) deverá ser marcado
por chuvas abaixo da média histórica e anunciou que, no próximo dia 17, o
órgão vai atualizar a previsão de chuvas para a região Nordeste. "Os
estudos indicam até o momento chuvas abaixo do normal", pontuou.
Alice Macedo esclareceu que há forte tendência de formação do El Niño.
"O fenômeno ainda não está presente, pois ainda não houve o acoplamento
dos ventos, uma resposta ao aquecimento das águas do Oceano Pacífico",
frisou a especialista.
O meteorologista da Funceme, Davi Ferran, tem a mesma explicação
técnica. "As águas do Oceano Pacífico já estão aquecidas meio grau
Celsius, mas a atmosfera ainda não respondeu a esse aquecimento",
explicou.
"Para formação do El Niño é preciso mais de uma condição porque é um
fenômeno oceânico e atmosférico, mas as chances de formação são de 95%
entre fraco e moderado". Ferran observou, entretanto, que alguns
institutos meteorológicos já confirmam a formação do fenômeno.
Sobre a duração do El Niño observou: "Há 70% de chance de ocorrer, até o
fim da quadra chuvosa". Já as condições do Oceano Atlântico Sul
Equatorial/Tropical permanecem favoráveis à atração da Zona de
Convergência Intertropical (ZCIT) - banda de nuvens que circundam a
faixa equatorial da Terra.
Esperança
Janeiro ainda é mês de pré-estação chuvosa. No campo, os agricultores
estão de olho na natureza e mantêm a esperança do retorno das chuvas.
"Tivemos um dezembro muito bom, no seu início, mas já para o fim do mês e
o início deste janeiro as chuvas foram embora", disse o produtor rural,
Francisco Batista, da localidade de Serrote, zona rural de Iguatu, na
região Centro-Sul.
Diário do Nordeste
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