Filhos e filhas,
Começo essa mensagem agradecendo todas as manifestações de carinho pela
passagem de meu aniversário de sacerdócio. Com muita humildade, peço que
rezem por mim e por toda obra de evangelização que exerço pelo meu
sacerdócio.
Feito o agradecimento, gostaria de propor para essa mensagem uma
reflexão sobre a maturidade na fé. Assim como em nossa vida
profissional, afetiva a maturidade é importante também na vida
espiritual.
A maturidade de fé é colocada de forma muito frequente nos escritos de
São Paulo. Ele próprio passou de infantil, imaturo na fé, para um maduro
na fé. Jeremias também passou por esse processo, de espiritualidade
infantil, para uma maturidade na fé. E, a Bíblia está repleta de
exemplos.
Não podemos achar que já estamos prontos e nos colocarmos numa atitude imutável. Frases como: “Eu fui sempre assim, eu não mudo”, ou “Desde criança sou assim e na minha idade já não há muito que mudar”,
estão erradas. O itinerário e a maturidade cristã são etapas próprias
da virtude da prudência que é fruto da maturidade psíquica, afetiva,
física e espiritual.
As dimensões de uma pessoa madura na fé, que constitui maturidade na
vida cristã é quando ela consegue integrar, consegue trabalhar a sua
vida psíquica, afetiva, emocional, social, e espiritual. Negar um desses
aspectos é forjar uma falsa maturidade.
Existem pessoas que carregam neuroses, afetivas, por exemplo: de um pai
de uma mãe que marcaram negativamente e causaram traumas. Se essa
neurose não curada é transferida para a religião, é transferida para
Deus, essa neurose que é afetiva, se torna uma neurose espiritual. A
neurose que é transferida para Deus acaba gerando uma imagem distorcida
do Deus verdadeiro para um Deus punitivo, vingativo ou justiceiro.
Pessoas fanáticas são exemplo de uma neurose espiritual. Pessoas que não
conseguem conviver em paz dentro de um ambiente religioso. Pessoas que
não conseguem somar numa pastoral podem sofrer de neurose espiritual.
Há pessoas que são excelentes trabalhando sozinhas. Capazes de levar um
caminhão carregado de toras, mas se pedirmos que carreguem junto com os
demais, não sabem dividir o peso. Essas características que herdamos,
traumas que trazemos são obstáculos para a maturidade da fé.
Um dos elementos da maturidade da espiritualidade é colocar a razão
sobre a paixão. O texto da Carta aos Efésios nos ajudará a entender. São
Paulo fala: “Até que todos nós cheguemos à unidade da fé e do
conhecimento do Filho de Deus, até atingirmos o estado de homens feitos,
de acordo com a idade madura da plenitude de Cristo a estatura da
maturidade de Cristo” (Ef 4,13). Portanto, a meta de todo o cristão é chegar a maturidade da pessoa em Cristo.
A força dinâmica o amadurecimento da vida espiritual, está citada na Primeira Carta aos Tessalonicenses: “Com
efeito, diante de Deus, nosso Pai, pensamos continuamente nas obras de
vossa fé, nos sacrifícios de vossa caridade e na firmeza de vossa
esperança em nosso Senhor Jesus Cristo, sob o olhar de Deus, nosso Pai” (1Tes 1,3).
Temos neste trecho, três palavras importantes: maturidade espiritual:
obras de fé. Quem é maduro transforma a fé em obras. A fé
descomprometida é uma fé mágica, supersticiosa e a superstição é sinal
de imaturidade.
Deus os abençoe,
Padre Reginaldo Manzotti
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