A quadrilha ligada à organização criminosa Comando Vermelho (CV), que
dominava o tráfico de drogas na Messejana e nas redondezas, foi
desbaratada em operação da Polícia Civil, na semana passada. O número
três da hierarquia da facção, no Ceará, está entre os presos. Ele era
monitorado eletronicamente pela Justiça, mas continuava circulando
livremente pela região.
A Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (Draco)
instaurou um inquérito para investigar o grupo, em dezembro do ano
passado, depois de receber informações da Inteligência da Secretaria da
Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS). Após 11 meses, a
Especializada conseguiu prender Antônio Guerra de Oliveira Filho, o
'Cabeça', 'Crânio' ou 'Mano Três', de 35 anos, em um hotel de luxo
localizado na Avenida Beira-Mar, na Capital.
Neste período, ao saber que era investigado, o suspeito se apresentou à
Polícia e prestou depoimento. A Justiça expediu um mandado de prisão
temporária. Porém, após um pedido do Ministério Público do Ceará (MPCE),
a 3ª Vara de Delitos de Trafico de Drogas determinou, no dia 10 de
agosto deste ano, a ordem de prisão de 'Cabeça' foi convertida em
medidas cautelares substitutas à detenção: acompanhamento por
tornozeleira eletrônica e recolhimento domiciliar das 22h às 6h.
A investigação da Draco, nomeada como 'Operação Arapuca', aponta que o
acusado é um dos líderes da cúpula da facção carioca no Ceará, e ocupava
o número três na hierarquia da organização, na tomada de decisões aqui.
Ele seria um dos precursores da facção no Ceará e o chefe do tráfico
nos bairros Messejana, Lagoa Redonda, Curió e Sapiranga.
"Considerando que há uma série de indivíduos subordinados ao 'Cabeça',
que promovem a mercancia nos bairros precitados e, constroem imóveis
para venda, com o lucro proveniente do tráfico de drogas, está
caracterizado um evidente crime de lavagem de dinheiro", diz a Portaria
aberta pela Draco.
Apesar do indiciamento de 'Cabeça' e de 13 subordinados a ele na
estrutura da organização criminosa, pela Polícia Civil, ele continuou
circulando pela região onde supostamente comandava o tráfico. Um
relatório emitido pela Secretaria da Justiça e Cidadania (Sejus) revela
que 'Cabeça' cumpria as medidas cautelares e permanecia mais tempo,
principalmente, no hotel onde residia, na Avenida Beira-Mar; em uma
academia na Avenida Monsenhor Tabosa; e no escritório dos advogados.
Movimentação
Além desses locais, "verifica-se uma grande movimentação nos bairros da
Sapiranga, Curió e Messejana, em várias ruas, mas sem permanência, pelo
sistema, identifica-se que é sempre de veículo automotor, em face da
velocidade empregada", informa também o documento da Sejus.
Com o avanço da investigação, o MPCE acusou o suposto líder do CV por
tráfico de drogas, organização criminosa e lavagem de dinheiro. Mas ele
também é suspeito de cometer dois homicídios, nos anos de 2005 e 2009.
A Vara de Delitos de Organizações Criminosas determinou, no dia 13 de
novembro, a prisão preventiva de 'Cabeça' e 13 comparsas. Além do líder,
foram cumpridos mandados contra Natanel Rocha Prates, o 'Nael'; Manuel
Prudêncio do Vale Filho; e Ivonaldo Vitor Silva Nogueira.
Confiança
'Nael' era o homem de confiança de 'Cabeça' e geria o tráfico de drogas
nos bairros São Miguel e Curió. Ele já estava preso desde 3 de maio
deste ano, quando a Polícia apreendeu 10Kg de maconha; 1,6Kg de crack;
balança de precisão; dois revólveres e uma espingarda. O traficante
também responde por homicídio, porte ilegal de arma, receptação e
associação criminosa.
A Justiça confiscou três imóveis e um veículo Toyota Corolla, que
estavam no nome de Manuel Prudêncio e Ivonaldo Vitor, além de cerca de
R$ 30 mil em espécie. Durante a 'Operação Arapuca', a Polícia reteve
armas e munições exclusivas das Forças Armadas.
Os outros dez mandados de prisão não foram cumpridos na ofensiva. Os
alvos eram José Jardel Rocha Lima; Paulo Diego Rodrigues da Silva;
Rafael Gomes de Oliveira; Mawenier Ferreira da Costa; Clebeson Lima
Alves; Rones Lopes Nogueira; Anderson Ribeiro Gomes; Diego Wallisson de
Sousa Damasceno; Katia Ribeiro da Silva; e Leonardo Aluizio Siqueira
Silva.
Diário do Nordeste
Nenhum comentário:
Postar um comentário