Transmitida pela urina de animais roedores, principalmente ratos, a
leptospirose preocupa a Vigilância Sanitária do Ceará. Neste ano, entre
janeiro e outubro, o Estado confirmou 44 casos da doença, sendo 33 em
Fortaleza. O número já é maior do que todo o ano de 2017, quando foram
contabilizadas 27 ocorrências. No entanto, outro dado alerta a área
médica cearense: o total de mortes aumentou 125% em menos de 12 meses.
Em 2017, foram quatro mortes, e neste ano, nove. Todas na Capital.
Esse cenário é pior do que a soma de óbitos causados pelas Hepatite B,
com duas mortes; Hepatite C, com seis; e Chikungunya, com um óbito. As
informações são da Planilha de Doenças com Notificação Compulsória, da
Secretaria de Saúde do Estado (Sesa) e do Boletim Epidemiológico do
Ministério da Saúde (MS).
Ainda segundo o MS, o País somou, em dez meses deste ano, 1,8 mil
confirmações da doença. No Nordeste, Pernambuco lidera, com 139 casos; o
Ceará, vem em segundo, com 44; e a Bahia, com 40 ocorrências. No
Brasil, São Paulo soma 317 registros positivos para a doença; o Rio
Grande do Sul, 280; e o Paraná, 211.
Bactéria
A doença infecciosa é causada por uma bactéria chamada Leptospira,
presente na urina de ratos e outros animais, transmitida ao homem
principalmente no período chuvoso. Bovinos, suínos e cães também podem
adoecer e transmitir a enfermidade. Durante as enchentes, a urina dos
ratos, presente nos esgotos e bueiros, mistura-se à enxurrada e à lama.
Qualquer pessoa que tiver contato com a água ou lama pode se infectar.
O infectologista, Anastácio Queiroz, explica que as leptospiras penetram
no corpo pela pele, principalmente por arranhões ou ferimentos, e
também pela pele íntegra, imersa por longos períodos na água ou lama
contaminada. O contato com esgotos, lagoas, rios e terrenos baldios
também pode resultar na infecção. Veterinários e tratadores de animais
podem adquirir a enfermidade pelo contato com a urina, sangue, tecidos e
órgãos de animais infectados.
Os sintomas da leptospirose são mal-estar, febre, dor de cabeça e no
corpo, sobretudo na batata da perna. Os mais frequentes são parecidos
com os de outras doenças, como a gripe e a dengue, podendo também
ocorrer vômitos, diarreia e tosse. Nas formas mais graves geralmente
aparece icterícia (coloração amarelada da pele e dos olhos) e há a
necessidade de cuidados especiais em caráter de internação hospitalar. O
doente pode apresentar também hemorragias, meningite, insuficiência
renal, hepática e respiratória, que podem levar à morte.
"O período de incubação da doença é de até 30 dias, mas os sintomas
podem se manifestar logo nos primeiros dias depois do contato com a água
contaminada", explica o infectologista Anastácio Queiroz.
Os casos leves são tratados em ambulatório, frisa o médico, mas os casos
graves precisam ser internados. A automedicação não é indicada, pois
pode agravar a doença. Ao suspeitar da patologia, a recomendação é
procurar um médico e relatar o contato com exposição de risco.
Entre as medidas de prevenção, estão ampliação da oferta do saneamento
básico, melhorias nas habitações humanas e o controle de roedores. Outra
orientação importante é evitar o contato com água ou lama de enchentes e
impedir que crianças nadem ou brinquem nessas águas. Pessoas que
trabalham na limpeza de lama, entulhos e desentupimento de esgoto devem
usar botas e luvas ou sacos plásticos nas mãos e pés.
Diário do Nordeste
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