Do início do mês de janeiro até ontem (17), aproximadamente 4.300 doses
da vacina contra a febre amarela foram aplicadas em cinco postos de
saúde de Fortaleza, o que representa um aumento de mais de 100% em
relação ao mês anterior. As últimas 700 unidades do estoque foram
distribuídas nessa quarta-feira (17) e se esgotaram durante a tarde,
segundo Vanessa Soldatelli, coordenadora de imunização da Secretaria
Municipal da Saúde (SMS).
A rotina é a mesma nos últimos dias nos cinco postos de saúde de
Fortaleza, aptos a vacinar contra a febre amarela: lotação, muitas
reclamações e número de doses limitados por dia. No início da manhã, às 7
horas, teve discussão entre os que estavam na fila desde as cinco horas
e a direção da unidade do Meireles, na Avenida Antônia Justa. Sem
estoque, a coordenadora de enfermagem, Célia Soares, informou que não
tinha vacina e pediu para que as pessoas retornassem para a casa.
Foi o bastante para uma confusão e muita indignação. Perto das oito
horas, ela voltou com 100 senhas que distribuiu e, até perto das 9
horas, as pessoas ainda aguardavam a chegada das doses na unidade.
"Aqui, antes desse cenário, a demanda era quase zero. Agora, em pouco
mais de dez dias, mais de três mil pessoas buscaram a vacina. Não
possuíamos isso em estoque, e nem podemos, já que temos que esperar o
repasse do Ministério da Saúde para os estados e o Município, que é quem
repassa para a gente", explica Célia.
Para os que estavam na fila, a reclamação foi geral. A servidora pública
Maria do Carmo Temporal conta que, desde o último sábado, peregrina
pelos postos em busca da vacina e ali, no Meireles, já era a terceira
vez sem sucesso. "É um absurdo. Estou sem trabalhar há dois dias para
conseguir me imunizar, pois vou viajar para São Paulo".
No Posto de Saúde Paulo Marcelo, no Centro, a fila para a imunização
quase chega a dobrar a esquina da Rua 25 de Março. Ali, foi aberta outra
sala para a aplicação da vacina e para dar conta da demanda crescente. A
média, em dias normais, é de 40 doses diárias. Agora, são realizadas
300 aplicações por dia. "E tende a crescer pois abrimos de domingo a
domingo, das 7 às 19 horas", afirma o gestor da unidade, Tiago Costa,
antes de o estoque acabar. A professora Adriana Feitosa, que viajará
para a Colômbia, acredita que o desafio é ter vacina para todos. "O que
não acontece. Até aqui faltou vacina no sábado passado e quem chega
depois das oito da manhã corre o risco de sair sem se imunizar", avalia.
O comerciante Francisco Eros vai para a Bahia passar o Carnaval e
confessa ter medo de contrair a doença. "Por isso, vou esperar o tempo
que for necessário para tomar a vacina. Essa é a quarta vez que venho
aqui e, desta vez vou conseguir, pois já tenho senha do dia", brinca.
Diário do Nordeste
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