A Petrobras decidiu encerrar as atividades da usina produtora de
biodiesel em Quixadá no dia 1º de novembro. A saída se deve à decisão
anterior da empresa de sair do setor de biocombustíveis, comunicada no
mês passado.
Em comunicado à imprensa, a Petrobras afirmou que a unidade do Ceará é
deficitária. “Considerando que de acordo com as projeções, não haveria
uma solução para a usina em curto prazo e sem novos investimentos, o
Conselho de Administração da Petrobras Biocombustível optou por encerrar
a produção de biodiesel no Ceará e assim focar recursos em projetos com
maior rentabilidade”.
A empresa informou que a
desmobilização levará seis meses e será realizada por uma equipe
multidisciplinar. “Os empregados próprios serão transferidos para as
outras duas unidades da Petrobras Biocombustível e os empregados cedidos
serão realocados em outras unidades da Petrobras”, disse a companhia.
A
unidade de Quixadá foi inaugurada em agosto de 2008 com investimento de
R$ 76 milhões. Aproximadamente 9 mil agricultores familiares faziam
parte do programa de suprimento agrícola para produção da mamona,
matéria-prima da usina. A capacidade da fábrica é 108,6 milhões de
litros de biocombustível por ano. A Petrobras não informou ao O POVO
a quantidade de biocombustível produzida na fábrica de 2008 a 2017 ou
quantos trabalhadores serão realocados para outras unidades .
As
usinas de Montes Claros (MG) e a de Candeias (BA) continuarão a operar
normalmente. No entanto, a Petrobras estuda alternativas para as
unidades, alinhadas com as metas do seu Plano de Negócios.
Valor de mercado
A
paralisação das atividades e consequente desmonte dos equipamentos pode
ser prejudicial para Petrobras. Assim avalia Bruno Iughetti, consultor
da área de Petróleo e Gás, sobre o futuro da estatal. Segundo ele, o
mais prudente seria colocar o ativo à venda. “Poderia dar continuidade à
produção do biodiesel de maneira mais eficiência. Não perderia a
infraestrutura existente ou a mão de obra”, afirma. A projeção é que a
Petrobras finalize o desmonte ou transfira o ativo para a iniciativa
privada até o fim do primeiro trimestre de 2017.
A
operação em Quixadá, avalia, não vingou por dois fatores. “A agricultura
familiar não se desenvolveu, pois não havia mamona suficiente. E o
biodiesel fabricado não atende às especificações da ANP (Agência
Nacional do Petróleo, Gás e Biocombustíveis)”.
A viscosidade
do óleo da matéria-prima varia entre 20 a 30 milímetros (mm) por
segundo. Os valores superam os limites permitidos na resolução nº 7/08
da ANP, que estabelece entre 3 e 6 milímetros.
A empresa
também mira desativar os poços de petróleo no Estado. “Acredito que ela
repasse para empresas pequenas e médias da área de prospecção. Esses
poços são pouco produtivos e não valem o custo da operação”, finaliza.
SAIBA MAIS
Processo inviável
Em
2009, o Ceará tinha 21 mil produtores de mamona. A produtividade era
de 400 quilos por hectare, número considerado inviável economicamente
para a manutenção da operação.
Na usina, a Petrobras utiliza
principalmente sementes de soja e algodão importadas da Bahia, Mato
Grosso, Minas Gerais e Piauí para seguir com a produção. O prejuízo
anual girava em R$ 17 milhões e a estatal iniciou um processo de redução
de funcionários em março
deste ano.
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