O senador Eunício Oliveira (PMDB) mergulhou nas articulações em Brasília
para atrair o PT e garantir, em janeiro de 2017, uma eleição tranquila à
Presidência do Senado. Há consenso entre as lideranças dos partidos com
representantes no Senado que caberá ao PMDB o cargo maior da
administração da Casa. Como segunda maior bancada, o PT quer manter ou
ampliar posições na Mesa Diretora.
Uma reportagem do Jornal Folha de São Paulo, edição deste domingo,
revela os bastidores da corrida à sucessão do presidente Renan
Calheiros. Dentro do PMDB, Eunício trabalha para unir a bancada da sigla
embora tenham surgido especulações sobre a possível candidatura do
colega Garibaldi Alves, do Rio Grande do Norte. Alves nega a pretensão.
As conversas com o PT independem do cenário estadual em que Eunício e as
lideranças do partido no Ceará têm rota de coligação, principalmente,
com o Governador Camilo Santana. Na disputa pela Prefeitura de
Fortaleza, o PMDB tem a vice do Capitão Wagner (PR) representado pelo
empresário Gaudêncio Lucena. A campanha de Wagner tem sido cáustica com
petistas aos quais associa com o prefeito e candidato do PDT à
reeleição, Roberto Cláudio.
A tática é ligar Roberto a nomes do PT – como José Nobre Guimarães, e
dos ex-presidentes Lula e Dilma, que sofrem desgastes pelas denúncias da
Operação Lava Jato e, no caso de Guimarães, do escândalo dos dólares na
cueca. Esse cenário não entra, porém, como componente para impedir o
avanço das negociações entre Eunício e o PT a caminho da Presidência do
Senado.
Eunício precisa de 41 dos 81 votos para se eleger presidente do Senado
Federal. A bancada do PMDB tem 18 parlamentares e, em segundo lugar,
está o PT, com 10 senadores. Se fechar com o PMDB, Eunício presidirá o
Senado – comando que não tem um cearense desde o final da década de 80 e
início dos anos 90 quando o cargo era ocupado pelo peemedebista Mauro
Benevides.
O líder do PT no Senado, Humberto Costa (PE), defende a composição da
chapa de acordo com a proporcionalidade da bancada. Dentro do PT, há,
porém, conflito nessa leitura e o carioca Lindeberg Farias se opõe a
acordo que envolva a candidatura a presidente do Senado de alguém que
votou pela derrubada da presidente Dilma Rousseff. Eunício foi um dos
peemedebistas que articularam o impeachment de Dilma.
A conquista da Presidência do Senado é um dos passos que Eunício quer
alcançara para, em 2018, chegar ao Governo do Estado. O mandato de
Eunício termina no dia 31 de dezembro de 2018 e, nesse momento, não
passa pela cabeça do peemedebista disputar à reeleição.
Eunício quer mesmo o Governo do Estado em uma ampla articulação com o
PSDB do senador Tasso Jereissati e do ex-senador Luiz Pontes, com o PR
do ex-prefeito de Maracanaú, Roberto Pessoa, com o Solidariedade, de
Genecias Noronha, e, se possível, com o PSD e PMB, que seguem orientação
do ex-vice-governador e atual conselheiro do Tribunal de Contas dos
Municípios, Domingos Filho.
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