Duas doenças atualmente ausentes no
Ceará, mas que, ainda assim, exigem atenção, devem ganhar uma
força-tarefa de combate: a partir de segunda-feira (6), tem início a
Campanha Nacional de Vacinação contra a Poliomielite e o Sarampo. De
acordo com a Secretaria Estadual da Saúde (Sesa), todos os 2.345 postos
de saúde distribuídos na Capital e no Interior já receberam as doses
enviadas pelo Ministério da Saúde. A meta é imunizar, no mínimo, 483.724
crianças no Estado, o que corresponde a 95% dos 509.183 cearenses com
idades de 1 a 4 anos, 11 meses e 29 dias.
Apesar da meta, como reforça a
coordenadora de Imunizações da Sesa, Ana Vilma Leite, a ideia é que todo
o público-alvo da Campanha seja imunizado. "É uma campanha
indiscriminada: mesmo que já tenham sido vacinadas, 100% das crianças
dessa idade precisam passar pelos postos de saúde. Quando protegemos a
população infantil, protegemos também quem convive. É uma imunização
coletiva", aponta a gestora.
A coordenadora municipal de
Imunizações, Vanessa Soldatelli, reforça o alerta. "A orientação é
vacinar todas as crianças, porque 5% delas, mesmo já tendo tomado, não
desenvolvem os anticorpos. A Campanha foca na correção dessa falha.
Sarampo e pólio são eliminadas no Ceará, mas os vírus continuam
circulando no mundo. São duas doenças graves, que podem levar à morte ou
deixar sequelas irreversíveis. Não dá para vacilar", frisa Vanessa,
contabilizando que "uma criança vacinada protege outras 11 não
imunizadas".
Riscos
A poliomielite, popularmente
conhecida como paralisia infantil, está erradicada no Brasil há quase
três décadas, desde 1990. Já o sarampo teve pelo menos 211 casos
confirmados no Ceará, em 2015, situação controlada um ano depois - em
2016, o País recebeu o certificado de eliminação da circulação do vírus
da doença pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e, até o ano passado,
nenhum caso local ou nacional da virose havia sido registrado. Neste
ano, porém, estados das regiões Norte, Sudeste e Centro-Oeste já
confirmaram casos da enfermidade.
No Ceará, 61 municípios têm "risco
alto" de retorno do vírus, sendo Fortaleza e Caucaia - as duas cidades
com maiores populações do Estado - classificadas entre as que apresentam
"risco muito alto" de reintrodução do agente causador do sarampo,
conforme análise divulgada pela Sesa e publicada pelo Diário do Nordeste
no último dia 31. Em outras 67 localidades cearenses, a ameaça é
avaliada pela Sesa como "média".
Vacinas
Um desafio para atingir a cobertura
vacinal das crianças, lamenta Ana Vilma, é a necessidade de descartar os
mitos sobre "reações" e os efeitos colaterais das doses. "Se a criança
está doente, febril, orientamos que os pais esperem que fique bem. Não
por existir problema, mas porque tudo o que acontece depois da vacina é
associado a ela. A vacina só protege, evita que a criança adoeça, e não o
contrário. Algumas pessoas não são adeptas e impedem que as crianças
tomem. Mas orientamos e reforçamos: vacina não traz prejuízo a ninguém, é
proteção", esclarece, sob a concordância total da psicóloga Ana
Cristina Gama, 30.
Mesmo com o cartão de vacinação da
caçula Ana Luíza, de três meses, completamente em dias, a psicóloga não
baixa a guarda quando o assunto é a proteção da pequena. "Mês passado
ela tomou a primeira dose da vacina da pólio, e já estou atenta à data
da próxima. Eu tenho consciência da importância da imunização, acho
irresponsabilidade essa crença em mitos. É muito melhor prevenir do que,
depois, tentar remediar", opina, afirmando que próxima segunda-feira é a
vez do filho de dois anos ir ao Centro de Saúde do Meireles para tomar
as duas gotinhas contra a poliomielite e a injeção contra sarampo.
Diário do Nordeste
Nenhum comentário:
Postar um comentário