O mapa mais recente do Monitor de
Secas do Nordeste da aponta uma melhora no cenário do Ceará. Conforme
dados elaborados por institutos de meteorologia do Nordeste com
coordenação da Agência Nacional das Águas (Ana), baseado em análises de
abril e maio deste ano, é possível observar que o Estado não apresenta
mais nenhum município em condição de seca extrema e excepcional. Essa
foi a melhor situação apresentada desde o início do Monitor, em julho de
2014.
No Ceará, em maio deste ano, houve
mudanças significativas em relação ao mês anterior, ocorrendo diminuição
da intensidade da seca em todo Estado, com uma pequena expansão da área
de seca fraca ao norte. Na parte leste, onde antes se observava seca
grave houve redução para seca moderada de longo prazo. Uma pequena área
do Sertão Central e Inhamuns se mantiveram com seca grave. O impacto da
seca permaneceu de longo prazo para todo o Estado.
Em julho de 2014, a situação era
diferente. Na divisa do Ceará com o Piauí havia seca variando de extrema
a excepcional, de acordo com os índices. No Estado, havia pontos de
seca severa a extrema, na divisa com a Paraíba, no Sertão Cearense e no
Norte e Noroeste Cearense. As áreas anormalmente secas e de seca
moderada estavam nas Mesorregiões do Jaguaribe, Centro-sul Cearense e no
setor sul das Mesorregiões do Norte e Noroeste Cearense.
Na avaliação do meteorologista da
Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme), Raul
Fritz, as precipitações das quadras chuvosas de 2016 e 2017 ocasionaram a
condição de melhora nas áreas que eram atingidas por seca extrema e
excepcional.
"As chuvas dos dois últimos anos
foram positivas e contribuíram para reduzir os índices da seca no
Estado. O Centro e o Sul do Ceará ainda não estão em níveis
confortáveis, principalmente, se falando em recursos hídricos. A
situação dessas regiões se agrava ainda mais por conta do semiárido",
explica o profissional.
Segundo o meteorologista, apesar dos
bons dados, a situação pode contornar até o fim do ano. "Pela ausência
de chuvas no segundo semestre, as áreas de seca que tiveram redução de
impactos podem retornar gradualmente. A condição da vegetação, a
ecologia de cada município e o aporte dos reservatórios vai deixar isso
mais lento", explica Fritz.
O professor José Nilson Bezerra
Campos, da Pós-graduação em recursos hídricos da Universidade Federal do
Ceará (UFC), explica que os dados ainda são insuficientes para definir
padrões. "Não é possível dizer muita coisa com os dados que temos. De
2014 a 2018, tivemos uma situação crítica. As chuvas foram insuficientes
para repor os reservatórios. O problema da seca ficou ainda mais
complicado. Esse ano de 2018, embora não tenha sido um ano bom, foi
dentro da média, o que repôs parte dos reservatórios. Se a situação não
for a mesma nos próximos meses, nós vamos voltar a condição de seca
anterior".
Bezerra aponta que o único benefício
da ausência das duas condições de seca no Ceará é uma melhor situação
de controle da água. "Essas categorias de secas extrema e excepcional
demonstram o pré-colapso do sistema. Hoje, temos uma condição
administrável. Cabe a população se preparar e cuidar da água. O governo
vem fazendo isso com o reúso das águas e estudos em estações de
dessalinização, O problema de tudo é o custo destes processos".
Reservatório
Conforme a resenha diária da
Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh), dos 155 açudes
monitorados, 24 estão com volume acima de 90 % - Acaraú Mirim, Angicos,
Batente, Caldeirões, Diamantino II, Gameleira, Germinal, Gomes, Itapajé,
Itapebussu, Itaúna, Jenipapo e 83 com volume abaixo de 30 %. O
relatório ainda aponta seis eventos extremos: seis açudes sangrando, 27
em volume morto e seis secos. Destaca-se o açude Maranguapinho que
deixou de sangrar. Foi registrado aporte em um único açude, o açude
Mundaú.
Diário do Nordeste
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