segunda-feira, 3 de junho de 2019

Vírus desconhecido afeta rebanho bovino no Ceará e deixa pecuaristas em alerta

O risco é silencioso e real, apontam especialistas em bovinocultura. O Trypanossoma vivax, um protozoário responsável pela tripanossomose, enfermidade que afeta as células vermelhas do sangue, provocando anemia e outros sintomas, vem gerando diversos prejuízos em rebanhos no Ceará.
 
"Animais estão morrendo e muitos proprietários desconhecem a verdadeira causa. Essa doença já matou milhares no Brasil e dizimou rebanhos inteiros na África", aponta o médico veterinário Kolowiskys Dantas, preocupado com o avanço da doença. Ele é o secretário de Desenvolvimento Agropecuário de Quixeramobim, onde está concentrada a maior bacia leiteira do Ceará.
 
Os levantamentos, iniciados há 10 meses, pelo médico veterinário Manoel Carneiro, revelam prevalência de 73% de rebanhos que já tiveram contato com a tripanossomose. Os exames, realizados no laboratório das Faculdades Associadas de Uberaba (Fazu), em Minas Gerais, apontaram 38% dos animais avaliados como soropositivos. Ele alerta que em todas as regiões do Estado foram observados desafios com essa enfermidade. No Ceará, de acordo com a Agência de Defesa Agropecuária do Estado do Ceará (Adagri), ainda não há um levamento específico sobre mortes causadas pelo protozoário.
Cuidados
 
O maior entrave para frear a doença, conforme Manoel Carneiro, é a desinformação dos produtores e técnicos rurais. "O diagnóstico correto não é realizado e a fazenda acaba convivendo com o problema por anos, somando diversos prejuízos associados à mortalidade, como a redução do desempenho produtivo, reprodutivo e comorbidades associadas ao baixo desempenho do sistema imunológico do animal afetado", observa .
 
 
Diversos fatores epidemiológicos favorecem a introdução e disseminação da tripanossomose no rebanho. Dentre eles estão a compra indiscriminada de animais sem um controle sanitário adequado, a presença dos vetores da doença - moscas hematófagas - e ainda o uso de agulhas e seringas compartilhadas entre animais.
 
O tratamento é fácil. O proprietário do animal precisa adquirir o medicamento. O custo por animal não é superior a R$ 25 por vacina. No total, são necessárias de três a quatro doses por ano.
Controle
 
De acordo com o diretor de Sanidade Animal da Adagri, Amorim Sobreira, a doença não atinge seres humanos e não causa impacto econômico elevado para o Estado. "Cabe ao criador aplicar boas práticas de manejo, como evitar a utilização de seringas em mais de um animal, e na reposição do seu rebanho comprar gado de procedência", ressalta.
 
Representante do Conselho Regional de Medicina Veterinária do Ceará (CRMV-CE), Salette Santiago, secretária-geral do órgão, adverte que é "necessário adotar medidas de biosseguridade para erradicar a ameaça.
 
A divulgação entre os profissionais e produtores e campanhas de educação sanitária podem ajudar", destaca Salette Santiago.
 
 
Diário do Nordeste

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