O piloto Felipe Ramos Morais, apontado como um membro da facção
criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC) e suspeito de envolvimento
na morte de dois líderes da organização, no Ceará, em fevereiro deste
ano, negocia um acordo de delação premiada com as autoridades cearenses,
conforme apurou a reportagem.
Existia a possibilidade de o piloto se entregar à Polícia no último dia
24 de abril, mas não foi concretizada. Ele segue foragido, assim como os
outros 11 indiciados pela Polícia Civil do Ceará por participação nos
assassinatos de Rogério Jeremias de Simone, o 'Gegê do Mangue', e
Fabiano Alves de Souza, o 'Paca'.
O Ministério Público do Ceará (MPCE) deu parecer favorável a um pedido
de reconsideração da manutenção da prisão temporária do piloto
(decretada em 3 de abril deste ano), impetrado pela advogada Mariza
Almeida Ramos Morais. Entretanto, uma junta de juízes da Comarca de
Aquiraz, do Tribunal de Justiça do Ceará (TJCE), negou o pedido, no
último dia 20 de abril.
Conforme trechos da decisão mais recente, a qual o Diário do Nordeste
teve acesso, no pedido, a advogada propôs que Felipe colaboraria com as
investigações, em troca da liberdade: "O requerente que pretende
apresentar-se, não só para formalizar o termo entregue à autoridade
policial, mas precisamente para ter oportunidade de poder expor
pessoalmente todo o ocorrido no dia dos fatos".
A defesa questionou que a primeira decisão judicial "não fez qualquer
menção a efetiva colaboração do requerente" e alegou que o cliente
procurou a Polícia, "colaborando com os trabalhos, estabelecendo a
dinâmica do crime, o reconhecimento dos envolvidos, o encontro do
helicóptero e das armas utilizadas".
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Ainda de acordo com a decisão dos juízes César Morel Alcântara,
Cristiano Sanches de Carvalho e Ricci Lôbo de F. Filgueira, o MPCE
elaborou relatório com "indicação da existência de fortes indícios da
participação do peticionante (Felipe Morais) no plano que culminou nos
homicídios das vítimas".
"Ainda, aduz em relatório de sua manifestação que o helicóptero
utilizado na execução do crime sob investigação também era utilizado
pelo PCC para venda e distribuição de droga, fato que segundo o próprio
Ministério Público, corrobora a existência de relação anterior entre o
piloto Felipe Ramos de Moraes e a aludida facção criminosa", continua a
decisão judicial. Os magistrados acrescentam que o piloto teve
condenação por tráfico de drogas parcialmente mantida pelo Tribunal
Regional Federal da 5ª Região (TRF 5), em Recife, naquele mesmo dia 20
de abril, em um processo em que um bando ligado ao PCC foi preso com
174,8 kg de pasta base de cocaína (avaliada em R$ 2,2 milhões), em uma
operação conjunta das polícias Federal (PF) e Militar (PM) do Ceará e do
Piauí. Apesar de ter sido condenado, ele foi colocado em liberdade pela
Justiça.
"Portanto, entendemos ainda presentes os requisitos e fundamentos da
prisão temporária decretada outrora, razão pela qual negamos o pedido de
reconsideração em destaque", concluiu a junta de juízes.
Diário do Nordeste
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