O plenário da Câmara dos Deputados registrou às 20h15 desta quarta-feira
(2) 158 votos contrários à denúncia em que a Procuradoria-Geral da
República acusa o presidente Michel Temer de ter cometido crime de
corrupção.
Em razão das ausências de deputados, tornou-se naquele momento
impossível a obtenção de 342 votos favoráveis à denúncia, o que
autorizaria o Supremo Tribunal Federal a analisar o caso, possivelmente
levando ao afastamento do presidente por 180 dias.
A sessão continua. Mais de 342 deputados já votaram, número mínimo para que a sessão seja considerada válida.
Temer nega todas as acusações e diz que a peça assinada por Rodrigo
Janot é uma "ficção" baseada em um ato criminoso patrocinado por um
"cafajeste" e "bandido" -em referência à gravação feita por Joesley
Batista, da JBS, de uma conversa que o empresário teve com o presidente
no porão do Palácio do Jaburu. Com a decisão da Câmara, a denúncia fica
congelada até o fim do mandato de Temer, em dezembro do ano que vem.
Toma lá, dá cá
Com um dos menores índices de popularidade da história, na casa dos 7%,
Temer é o primeiro presidente da história do País denunciado no
exercício do cargo.
Desde que ficou com o mandato sob risco, ele promoveu uma série de ações
com o intuito de angariar votos na Câmara, principalmente de partidos
do chamado "centrão", grupo de legenda médias e grandes, como PP, PR e
PTB, que reúne cerca de 200 deputados.
Ele recebeu individualmente mais de uma centena de deputados -só nesta
terça (1º) se encontrou com ao menos 35, incluindo o ex-prefeito de São
Paulo Paulo Maluf (PP-SP), almoçou com 58 ruralistas e foi a um jantar
para o qual foram convidados cem integrantes do baixo clero.
Vários pleitos foram atendidos, como cargos na máquina federal e
dinheiro para as emendas que os parlamentares fazem ao Orçamento. Nesta
quarta, por exemplo, o deputado Carlos Gaguim (Podemos-TO) foi à tribuna
conclamar os ministros de Temer -vários deles no plenário da Câmara- a
continuar a liberar verbas para as emendas.
O ministro Antonio Imbassahy (Secretaria de Governo), que reassumiu o
mandato de deputado para a votação desta quarta, conferia a todo momento
com o deputado Beto Mansur (PRB-SP), no meio do plenário, lista com
liberação de emendas aos deputados. Blairo Maggi (Agricultura) despachou
de uma das cadeiras do plenário, com auxílio de assessores da pasta.
Deputados chegaram a entregar aos ministros listas por escrito com seus
pleitos na administração federal.
Até o fim da tarde de terça, véspera da sessão, aliados de Temer
perceberam um clima de insatisfação entre deputados, principalmente do
PP e do PR, que reclamavam de ter apenas a promessa do Planalto sobre a
liberação de emendas. O cumprimento, porém, diziam eles, ainda não
estava garantido.
Folhapress
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