segunda-feira, 19 de outubro de 2020

Município de Palhano, no interior do CE, aguarda licença para exportação de melão e melancia aos Estados Unidos


 Produtores de frutas de Palhano, munícipio no Vale do Jaguaribe, no interior do Ceará, aguardam resultado de auditoria realizada pelo Departamento de Agricultura norte-americano, ocorrida no fim de setembro, para aprovação da exportação de melões e melancias cearenses aos Estados Unidos. O setor estima que, com a licença e disponibilização de água, podem ser produzidas 37,5 mil toneladas de frutas e 1,5 mil empregos gerados no primeiro ano de atividades. 

Agentes do Serviço de Inspeção de Saúde Animal e Vegetal dos Estados Unidos visitaram Palhano e cidades vizinhas, entre 28 e 29 de setembro, para verificar a ausência de insetos conhecidos como moscas das frutas, Anastrepha grandis, que podem espalhar doenças e estragar os frutos.

A Agência de Defesa Agropecuária do Estado do Ceará (Adagri) aguarda o retorno ainda neste ano e de forma positiva, já que testes realizados na localidade não identificam os insetos em questão.

Caso seja considerada área livre de mosca da fruta, o munícipio pode ajudar na expansão da quantidade de frutos encaminhados ao mercado internacional, como observa Neiliane Borges, diretora de Prevenção da Adagri. 

“Com a vinda de novos mercados como o da China, que é o mais recente, traz a necessidade de ampliação da área livre e a expectativa nossa é que, com disponibilidade de água e ampliação do mercado de exportação, a gente vai praticamente triplicar a produção no campo”.  

Os chineses devem receber a primeira carga de melão cearense, com 3,4 mil caixas das frutas, no dia 26 deste mês. Porém, como destaca a diretora, em 2019 foram exportados US$ 41 milhões em frutas para países como Holanda, Reino Unido, Espanha, Itália e Emirados Árabes. “Então, a expectativa é da gente manter esse mercado e abrir novos com a ampliação dessa área livre”, acrescenta.

Palhano já é reconhecida com área livre do inseto pelo Ministério da Agricultura, mas se garantir aprovação pelo departamento norte-americano, o município entra para o grupo autorizado a enviar os frutos para outros países. Na lista, estão as cidades de Aracati, Icapuí, Itaiçaba, Jaguaruana, Russas, Quixeré e Limoeiro do Norte. 


 

Monitoramento

Em Palhano, são realizados testes a cada duas semanas, com a instalação de armadilhas para insetos em diversos pontos da localidade, com amostras analisadas no Instituto Federal de Ciências e Tecnologia (IFCE), em Limoeiro do Norte. “Não há a presença (da mosca) aqui, ela tem de ficar fora para que a gente consiga manter a área que chamamos de livre e os países aceitem comprar essas frutas. É um trabalho de vários anos, de monitoramento e de controle”, detalha a coordenadora do bacharelado em Agronomia, Ana Raquel de Oliveira Mano. 

Para ela, esse trabalho conjunto contribui para o desenvolvimento das cidades da região com atração de investimentos. “Na parceria do IFCE, como uma instituição de âmbito federal, da Adagri e da iniciativa privada, todos estão trabalhando com o único objetivo de manutenção dessa área livre para favorecer a exportação e a agricultura local”, diz.

Falta de água

O Ceará liderou as exportações brasileiras de melão entre 2008 e 2015, mas desde 2016 essa posição foi assumida pelo Rio Grande do Norte (RN) devido à falta de água em solo cearense. Em 2018, foram exportados US$ 70,9 milhões da fruta produzida no RN, enquanto o Ceará vendeu ao exterior US$ 60,9 milhões de melão, conforme dados do Ministério da Economia.

“A escassez de água tem sido um fator limitante para a produção porque são culturas exigentes com relação a água. Palhano foi um dos municípios que já produziu bastante melão e melancia, mas uma empresa saiu de lá para produzir na Bahia e no Piauí por falta de água”, comenta Neiliane Borges. No entanto, com a chegada das águas do rio São Francisco no Açude Castanhão os produtores já manifestam a retomada da produção de frutas aos municípios cearenses, como observa a representante da Adagri.

Tom Prado, diretor do Lide Agronegócios no Ceará, reforça que não basta apenas a licença norte-americana, mas também a disponibilidade de água. “Mesmo que seja via transferência do Canal da Integração, aí sim será possível o plantio e a exportação de melão e melancia”, pontua.

O diretor explica que o abastecimento pelo Rio Jaguaribe é dificultado pela perda de água, e o Açude Castanhão está com baixa reserva, hoje de 13,37% pelo monitoramento atualizado nesta semana pela Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme). “Sem falar em usos não autorizados, sem outorga. Já pelo canal da Integração e pelo Canal do Trabalhador os usos são mais fiscalizados, tem de ter outorga e tem menor percolação e infiltração”, acrescenta. 

 

G1 CE

 

 

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