Com casos confirmados em seis estados brasileiros neste ano, o sarampo
continua representando ameaça ao Ceará. Mesmo sem ocorrências da
enfermidade desde 2015, quando chegou ao fim o surto de dois anos
registrado no Estado, mais de 30% dos municípios cearenses apresentam
risco alto ou muito alto para a reintrodução do vírus da doença,
conforme revela análise da Secretaria da Saúde do Estado (Sesa).
Segundo o órgão, sete cidades possuem risco considerado muito alto e 54
têm risco alto de registrarem novos casos da doença caso o vírus volte a
circular no Ceará. Outras 67 apresentam médio risco e 56 possuem baixas
chances de voltarem a ser afetadas pelo sarampo.
A análise leva em conta indicadores relacionados à qualidade do programa
de imunização e da vigilância epidemiológica, como a taxa de abandono
entre as duas doses da vacina contra a infecção, e características
intrínsecas dos municípios, como densidade populacional e presença de
zonas vulneráveis. A estrutura organizacional para resposta na rede de
saúde pública também é avaliada a partir de dados sobre a cobertura da
Estratégia de Saúde da Família (ESF) e também dos Agentes Comunitários
de Saúde (ACS).
Conforme explica a coordenadora de Vigilância e Saúde da Sesa, Daniele
Queiroz, o Ceará foi o único estado do País cuja cobertura vacinal
contra o sarampo atingiu, no ano passado, a meta de 95% estipulada pelo
Ministério da Saúde. O grande alcance da imunização garante maior
proteção da população contra um novo surto. No entanto, aspectos
próprios de determinados municípios, a exemplo do nível de urbanização e
de adensamento populacional, são favoráveis à proliferação do vírus.
"Esses estudos começaram a ser realizados depois da epidemia e servem
para nortear as ações do período seguinte. Como nós não temos sarampo,
não podemos avaliar o resultado da vigilância pelos casos. Por isso,
utilizamos esses indicadores", afirma Daniele. "Municípios com alta taxa
de urbanização têm maior risco, assim como os de maior densidade
demográfica, porque a aglomeração de pessoas aumenta o risco de
disseminação caso o vírus chegue", completa a coordenadora.
A Sesa fez visitas técnicas a 48 municípios com classificação de risco
entre alto e muito alto para planejar estratégias de vacinação de
públicos mais vulneráveis. A campanha de imunização de 2018 contra a
doença terá início no próximo dia 6. Daniele Queiroz destaca que a
vacinação é a medida mais eficaz para evitar a reintrodução do vírus e o
surgimento de novos casos. A cobertura de 95% do público-alvo, segundo a
coordenadora da Sesa, assegura que o vírus não volte a circular no
Estado.
Para atingir a meta, contudo, é preciso combater a taxa de abandono
vacinal. Por se tratar de uma imunização com duas doses, é comum que
parte da população inicie o esquema vacinal, mas não o finalize. "A
estratégia que será lançada em agosto é justamente para corrigir
qualquer falha que exista na cobertura vacinal. É a oportunidade de
colocar em dia a caderneta de vacinação de crianças de 1 ano até menores
de 5 anos e de adultos", afirma Daniele.
A coordenadora ressalta que a vacinação contra o sarampo também abrange a
população de 12 a 49 anos de idade. Pessoas na faixa etária de 12 a 29
anos precisam receber duas doses da vacina para serem consideradas
protegidas contra o sarampo. Já aquelas com idade entre 30 e 49 anos
precisam apenas de uma dose.
Diário do Nordeste
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