O cultivo do algodão está retornando com força no Ceará. Após um longo
período sem plantio, este ano, a colheita deve chegar a um milhão de
quilos. Esta cultura agrícola estava praticamente sumida no Estado. No
início da década de 1970, sua produção se aproximava das 380 mil
toneladas, em caroço. A área plantada era de 1,2 milhão de hectares.
Agora, produtores e usineiros voltaram a se animar com a cotonicultura. A
revitalização está sendo promovida através do programa de modernização
realizado pela Secretaria de Agricultura, Pesca e Aquicultura (Seapa),
do Governo do Estado.
Segundo o secretário Euvaldo Bringel, titular da Seapa, estão sendo
investidos R$ 2 milhões para introdução de novas tecnologias nessa
cultura. O montante está sendo aportado em uma experiência piloto com
assistência técnica exclusiva e intensiva. Serão atendidos ao todo 600
produtores de Quixeramobim, Quixadá e Senador Pompeu, municípios do
Sertão Central que estão envolvidos na Fase I do Programa. "A ideia é
dar todas as condições necessárias para que possamos estimular a alta
produtividade do algodão".
O Programa, criado com o auxílio de muitas mãos, prevê a capacitação de
técnicos e produtores em novas tecnologias de produção de algodão
herbáceo; capacitação de técnicos e produtores com foco na gestão de
propriedade rural; seleção de áreas e produtores para instalação de
Unidades Técnicas Demonstrativas (UTD's); realização de visitas técnicas
e encontros com produtores; estímulo à expansão da área plantada;
introdução de máquinas colheitadeiras de pequeno porte em substituição à
colheita manual e criação da Câmara Setorial do Algodão. A Empresa de
Assistência Técnica e Extensão Rural do Ceará (Ematerce), o Serviço
Nacional de Aprendizagem Rural (Senar), a Federação da Agricultura e
Pecuária do Estado do Ceará (FAEC), a Empresa Brasileira de Pesquisa
Agropecuária (Embrapa) e o Sindicato das Indústrias da Extração de
Fibras Vegetais e do Descaroçamento do Algodão do Estado do Ceará
(Sindialgodão) são os parceiros desse novo modelo. Seus representantes
participaram da apresentação do Programa em Quixeramobim.
O agropecuarista e industrial Airton Carneiro, de Quixeramobim, é um dos
mais entusiasmados com a proposta. Com o novo modelo de cultivo, a
Usina Carneiro, nesta cidade, deverá despontar novamente como a maior
beneficiadora de plumas do Estado. O início do beneficiamento está
programado para a segunda quinzena deste mês. As maquinas já estão
prontas. Ele está recebendo a produção da região, incluindo Senador
Pompeu e Mombaça. Os armazéns da fábrica estão começando a lotar de
plumas, consideradas as melhores do mundo, pela cor, resistência e maior
cumprimento da fibra.
Foi ele quem apresentou a planilha de custos ao grupo de participantes
da cadeia produtiva da cotonicultura, no encontro com o secretário da
Seapa. De acordo com os cálculos, as despesas, do plantio as armadilhas
para o bicudo, principal praga, somam R$ 1.970,00 por hectares. Antes,
chegavam a R$ 3.630,00. Com a arroba comercializa a R$ 33,00, o lucro
líquido estimado é de R$ 5.150,00. Atendendo às orientações técnicas,
incluindo a aplicação do "vazio sanitário", o algodão vai beneficiar a
todos.
Diário do Nordeste
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