Um círculo escuro no meio de um disco resplandecente: a imagem de um
buraco negro foi apresentada nesta quarta-feira ao mundo, a primeira na
história da astronomia.
O primeiro "monstro cósmico" a ser registrado foi detectado no centro da
galáxia Messier 87 (M87), uma enorme galáxia no aglomerado de galáxias
vizinhas de Virgem a cerca de 50 milhões de anos-luz da Terra. A imagem
foi resultado do projeto Event Horizon Telescope, o EHT (ou Telescópio
de Horizonte de Eventos, em português), da National Science Foundation
"Uma distância difícil de imaginar", admite Frédéric Gueth, astrônomo e
vice-diretor do Instituto de Radioastronomia Milimétrica (IRAM) na
Europa, que participou na pesquisa, resultado de uma colaboração
internacional iniciada em 2012 que reuniu quase uma dúzia de
radiotelescópios de base terretre, espalhados pelo mundo, da Europa ao
Polo Sul, passando pelo Chile e Havaí, para tentar observar diretamente o
ambiente imediatamente no entorno de um buraco negro.
Combinando esses observatórios, como se fossem pequenos fragmentos de um
gigante por meio de uma técnica chamada interferometria, os astrônomos
puderam ter um observatório virtual do tamanho da Terra, com o qual "um
jornal aberto em Paris poderia ser lido de Nova York", segundo Gueth.
A imagem, almejada por muitos anos e até agora apenas simulada em
computador, é tema de seis artigos publicados nesta quarta-feira na
revista científica "Astrophysical Journal Letters", assinada por mais de
200 autores de mais de 60 órgãos científicos. Foi apresentada em seis
coletivas de imprensa simultâneas ao redor do mundo em lugares como
Bruxelas e Santiago, no Chile.
Buracos negros, regiões celestes muito densas, são extraordinariamente
difíceis de serem observados apesar de sua grande massa. O horizonte de
eventos de um buraco negro é o ponto sem retorno além do qual qualquer
coisa — estrelas, planetas, gás, poeira e todas as formas de radiação
eletromagnética — é engolida para o esquecimento.
O GLOBO
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