O Ceará registrou neste fim de semana as maiores chuvas do ano. Apesar
de bem distribuídas, elas não representaram aporte significativo para os
principais açudes do Estado. O Castanhão voltou a aumentar o volume por
dois dias consecutivos, o que não ocorria desde abril do ano passado.
Contudo, o maior reservatório que abastece os cearenses passou de 4,93%,
na última sexta-feira, para 4,96% da capacidade total ontem. Para
gestor de bacias, é cedo para enxergar as chuvas com otimismo. Fundação
Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme) indica mais
precipitações para os próximos dias.
O cenário climático deste fim de semana segue o prognóstico divulgado
em meados de janeiro pela Funceme. À época, o presidente do órgão,
Eduardo Sávio, apontou que a quadra chuvosa deste ano deve aliviar o
peso dos cinco anos consecutivos de seca. Entretanto, pode não abastecer
satisfatoriamente os grandes açudes. Conforme o meteorologista da
Funceme Raul Fritz, as últimas chuvas marcam “de maneira bem típica” o
início da quadra, já que foram influenciadas pela Zona de Convergência
Intertropical (ZCI) — principal sistema indutor de precipitações no
Estado.
As chuvas mais intensas começaram na sexta-feira, 10, e
atingiram 81 municípios. Os postos de medição em Porteiras registraram
128 milímetros (mm). No sábado, 11, as precipitações foram melhor
distribuídas, chegando a 138 cidades. Caucaia, com a segunda maior chuva
do Estado este ano, acumulou 168 (mm). Ontem, em Icapuí, o volume
diário foi de 216 (mm), o maior do Estado em 2017.
Para
Alcides Duarte, coordenador geral do Fórum Cearense dos Comitês de
Bacias Hidrográficas, é preciso enxergar com cautela o início da quadra
chuvosa. “É muito cedo para se afirmar algo. A situação dos
reservatórios continua crítica. Sequer temos segurança hídrica para este
ano. Seguimos em alerta e preocupados”, afirmou. Ele ressaltou que as
precipitações representaram baixo aporte para o Estado e atingiu
principalmente a região litorânea. “Onde tem que chover, nos açudes,
choveu quantidades insignificantes, que vão embora só com a evaporação”,
comentou.
Regiões onde choveu
Segundo
a Funceme, as chuvas desde sexta-feira foram mais intensas no Litoral,
Cariri, Maciço de Baturité e Serra da Ibiapaba. Pela primeira vez no
ano, o açude Castanhão aumentou o nível do volume de água. Ele foi o
único dos três maiores do Estado a ter aporte de água neste fim de
semana.
Para um cenário de maior tranquilidade na crise
hídrica do Estado, a Funceme aponta a necessidade de chuvas regulares.
“Dois meses seguidos de chuvas intensas, acima da média e com boa
distribuição, isso permitiria aporte hídrico que garantiria segurança
até a próxima estação”, comentou Fritz em entrevista ao O POVO no mês
passado. Para esta semana, os meteorologistas indicam que o sistema
responsável pelas chuvas deve continuar exercendo influência. O tempo
nublado seguido de chuvas permanecerá em todas as regiões do Estado.
Saiba mais
Cidades com as maiores chuvas do fim de semana
SEXTA FEIRA, 10
Ararendá (51 mm); Lagoa de Santo Antonio (78 mm)
Sábado, 11
Ararendá (26 mm);Distrito de Lagoa de Santo Antonio (25 mm);Caucaia
(168 mm); Tauá (152 mm); Itaitinga (122 mm); Amontada (116 mm);
Aracoiaba (116 mm); Aquiraz (115 mm); Amontada (108 mm); Horizonte (108
mm)
Domingo, 12
Ararendá (8 mm)Icapuí (216 mm); Hidrolândia (98 mm); Poranga (85 mm);
Itaiçaba (80,4 mm); Crateús (79 mm); Várzea Alegre (68 mm); Iracema (67 mm); Pires Ferreira (62 mm); Morada Nova (61 mm)
Fonte: Funceme
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