No edital do concurso público para ocupar o cargo de gari no município
de Barbalha, a 500 quilômetros de Fortaleza, a escolaridade exigida é
clara: “Ensino Fundamental Incompleto, tendo as quatro primeiras séries
concluídas”. No entanto, o perfil da grande maioria dos novos
profissionais, aprovados em concurso no ano passado, é bem superior do
que a exigida.
De acordo com a presidente do Sindicato dos Servidores Públicos
Municipais de Barbalha (Sindmub), Jaqueline Filgueira, pelo menos 40%
dos profissionais de limpeza do município que estão ativos nas ruas da
cidade possuem nível superior.
“Temos um total de 120 funcionários no município, mas somente 50 estão
nas ruas. Desse total, cerca de 20 funcionários possuem nível superior
completo e alguns outros estão fazendo graduação“, pontuou.
Apesar de a presidente do sindicato confirmar e detalhar a informação, a
prefeitura do município de Barbalha relatou ao Tribuna do Ceará que um
perfil sobre os trabalhadores ainda está sendo produzido. Por isso, o
órgão ainda não sabe exatamente quantos possuem de fato nível superior
completo ou em andamento.
Segundo um dos garis que não quis se identificar e que é formado em
Pedagogia, a explicação sobre o perfil da grande maioria dos
profissionais é simples: o desemprego e a estabilidade.
“Muitos profissionais se formam e não conseguem trabalhar na área por
falta de oportunidade. Além disso, a oportunidade de ganhar um salário e
não ter o medo de ser demitido a qualquer momento é o que faz a gente
buscar essa profissão”, contou.
Ainda conforme a presidente do sindicato, existem profissionais dos mais
diversas áreas. “Entre os garis nós temos administrador, historiador,
acadêmico de Direito, economista e até um auxiliar de pessoal que está
cursando mestrado em Administração e Logística”, enfatiza Jaqueline.
Atualmente, os profissionais de limpeza urbana trabalham 44 horas
semanais, divididas de segunda a sábado. Conforme Jaqueline, o
funcionário recebe um salário mínimo para exercer sua função, ou seja,
cerca de R$ 788.
Desemprego
O reflexo dessa situação é sentido em todo o Brasil. De acordo com uma
pesquisa divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE), o índice de pessoas sem ocupação foi de 12% no quarto trimestre
de 2016.
No Ceará, a situação de desemprego também é semelhante. Conforme o IBGE,
a taxa de desocupação no estado cresceu de 10,8% no primeiro trimestre
para 11,5% no segundo trimestre de 2016. Os números demonstram que até o
fim do ano passado pelo menos 448 mil pessoas estavam sem emprego fixo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário