O preconceito contra a região Nordeste do Brasil, apesar de ser crime,
ainda é bastante frequente em todo o país. Nesta terça-feira (27), mais
um ato preconceituoso contra um cearense foi registrado. O universitário
Guilherme Ribeiro, de 18 anos, natural de Juazeiro do Norte, a 490
quilômetros de Fortaleza, foi a vítima da vez.
Em entrevista ao Tribuna do Ceará, Guilherme contou que tentou negociar a
compra de um smartphone com um comerciante de Assis, interior de São
Paulo, no valor de R$ 2.800. Segundo o cearense, um homem identificado
como Vinícius Rampazzo teria sido o agressor.
“Estava fazendo umas pesquisas para comprar um Iphone para revender e
encontrei essa loja. Comecei a conversar com ele por Whatsapp e tentar
combinar de buscar os celulares no Bairro Jardins, zona nobre de São
Paulo, já que eu vou viajar agora no início do ano para lá. Para
combinar eu mandei um áudio e quando ele escutou, ele me respondeu de
forma preconceituosa”, explicou Guilherme.
Como resposta às propostas de Guilherme, Vinícius mandou um áudio no
qual chama todos os nordestinos de nojentos. “Procura (o celular) nessa
desgraça de lugar imundo que você mora, que é o Nordeste. Entendeu, seu
fracassado? Acha que eu negocio com nordestino pé-rapado? Seu nojento“,
falou.
Além de ofender Guilherme, Vinícius mandou outro áudio afirmando que a
tentativa de compra do cearense seria um golpe. “Aqui ninguém cai nesse
tipo de golpe não, escória do mundo“, completou.
Para Guilherme, essa atitude do paulista seria algo triste e infeliz.
“Realmente eu fiquei bastante triste quando ele me mandou esses áudios.
No momento, não acreditei quando ouvi. Me senti muito mal e lamento não
só por mim, mas também por todos os nordestinos e cearenses”, contou.
O cearense registrou um Boletim de Ocorrência na Delegacia Regional de
Juazeiro do Norte e encaminhou uma solicitação de processo judicial no
Fórum do município. Ainda de acordo com Guilherme, tudo o que ele espera
é que o comerciante peça desculpas e evite cometer outros atos como
este.
“Já registramos um BO na delegacia e vamos entrar com um processo na
Justiça. Mas, na verdade, só quero que ele peça desculpas e evite fazer
isso com outras pessoas, pois isso é um absurdo”, concluiu o cearense.
O Tribuna do Ceará entrou em contato com o comerciante, mas nenhuma das ligações efetuadas foram atendidas.
Crime
De acordo com a Lei N° 9.459, realizar discriminação ou preconceito de
raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional é crime. O praticante
do ato está passível a pena de um a três anos de reclusão e multa.
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