A pesquisa inédita no País é realizada desde 2011 e acompanha três
grupos de trabalhadores rurais do Vale do Jaguaribe, no leste do Ceará.
São grandes empresas de agronegócio, agricultura familiar e agricultura
ecológica, onde não são usados agrotóxicos.
De acordo com o professor Ronald Feitosa, do Departamento de Medicina
Clínica da Universidade Federal do Ceará (UFC) e coordenador do projeto,
ao ser avaliada a situação dos equipamentos utilizados por cada grupo,
percebeu-se que menos de 12% dos agricultores utilizavam proteção.
“O primeiro levantamento que nós fizemos na Região da Chapada do Apodi,
onde está uma região de agronegócio da banana, pode se verificar que
faltam proteção aos agricultores”, revela, em entrevista à Rádio Tribuna
BandNews FM, na série de reportagens.
Por conta dessa grande exposição aos agrotóxicos, o professor Ronald
Feitosa diz que foram encontrados, com exceção no grupo de agricultura
ecológica, lesões na cadeia de DNA. Essas lesões, muitas vezes
irreversíveis, facilitam o desenvolvimento de diversas doenças crônicas,
como o câncer.
Para o professor, esta é a finalidade principal da pesquisa:
Conscientizar quem trabalha no agronegócio a importância de utilizar
equipamento de proteção e para manuseios de agrotóxicos.
“Para o agricultor que aplica, manipula o agrotóxico, a gente está
mostrando que o DNA dele realmente está alterado. São poucos que usam
proteção e estamos chamando a atenção deles para isso”, garante.
Essa preocupação também é compartilhada pela Comissão de Meio Ambiente
de Assembleia Legislativa, que mantém discussão acerca do uso de
agrotóxicos. O deputado estadual Renato Roseno, membro da Comissão, diz
que uma alternativa para incentivar o uso de equipamentos por parte dos
agricultores é o reforço da fiscalização.
Ele cobra do Governo do Estado a aprovação de uma nova lei, mais rígida,
para tratar sobre o tema. O parlamentar é o autor de um projeto que
tramita na casa, que proíbe a pulverização aérea.
“O uso de veneno no Ceará se concentra no Vale do Jaguaribe, Cariri e na
Serra Grande. É um problema de saúde pública e um problema ambiental.
Atinge os trabalhadores rurais, as comunidades, a nossa água, a nossa
terra e aquele que utiliza o consumo desses produtos. Por isso
defendemos produzir alimentos saudáveis”, diz.
O próximo passo da pesquisa é avaliar que essa falha no gene de reparo
do DNA dos agricultores expostos a agrotóxicos podem passar para os
filhos.
Um dos nomes mais lembrados na luta contra o uso de agrotóxico na Região
Jaguaribana é a do líder sindicalista José Maria do Tomé, que promovia
palestras sobre os riscos dos produtores, e denunciava grandes
produtores da Região. Em abril de 2010, Zé Maria do Tomé foi morto com
25 tiros.
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