A quatro dias da votação do segundo turno da corrida presidencial, Jair
Bolsonaro (PSL) apresenta dificuldade de chegar à casa dos 60% dos votos
válidos na última pesquisa do Ibope, divulgada ontem à noite no “Jornal
Nacional”, enquanto Fernando Haddad (PT) conseguiu reduzir a rejeição e
a distância em relação ao adversário. No primeiro levantamento do Ibope
(dia 15), o capitão abria uma vantagem de 18 pontos (59% a 41%) em
relação a Haddad. Agora, os dois estão separados apenas por 14 pontos
(57% a 43%). O petista oscilou positivamente dentro da margem de erro
(dois pontos para cima), enquanto o militar teve uma oscilação negativa
(dois pontos para baixo).
Esse movimento coincide com abalos na campanha do PSL nos últimos dias,
após uma denúncia de fraude eleitoral no WhatsApp e uma fala polêmica do
seu filho, Eduardo Bolsonaro, sobre fechar o Supremo Tribunal Federal
(STF) caso a candidatura do pai seja anulada. Haddad também tem adotado
uma retórica mais agressiva contra Bolsonaro e reforçado as andanças
pelo Nordeste, incluindo o Ceará (na última sexta e sábado), região
considerada o maior reduto do ex-presidente Lula e que impediu a vitória
de Bolsonaro no último dia 7.
A pesquisa ouviu 3.010 eleitores em 208 municípios durante três dias (do
último domingo até ontem). Outro dado pesquisado é a chamada
“expectativa de vitória”, independente da intenção de voto do
entrevistado. Para 69%, Bolsonaro vence no domingo, enquanto 21% apostam
em Haddad. No levantamento anterior, a expectativa de vitória no
militar era menor (66%). O petista aparecia com 21%, igual índice da
nova pesquisa. Haddad conseguiu diminuir a rejeição (de 47% para 41%),
enquanto a taxa de Bolsonaro subiu de 35% para 40%.
Estratégias
Nesta última semana de campanha eleitoral, Haddad tem apostado em
críticas contundentes ao adversário, após a divulgação na quinta-feira
de uma denúncia de que um grupo de empresários torrou R$ 12 milhões para
difundir mentiras sobre Haddad e o PT em notícias falsas no WhatsApp.
Ontem, Haddad atacou o general Hamilton Mourão, vice de Bolsonaro, de
torturador, atribuindo a informação ao compositor Geraldo Azevedo, que
desmentiu ter dito isso. A fala de Haddad foi dada em sabatina no Rio:
“Bolsonaro nunca teve nenhuma importância no Exército, mas o Mourão foi,
ele próprio, torturador (...) O Geraldo Azevedo falou isso. Ver um
ditador como eminência parda de uma figura como Bolsonaro deveria causar
temor em todos os brasileiros minimamente comprometido com o estado
democrático de direito”.
Já Bolsonaro investe no antipetismo, martelando os casos de corrupção
nas gestões petistas. Ele também repete promessas de medidas duras
contra a violência e de defesa da família tradicional, e tenta convencer
o eleitor de que caso o PT volte ao poder, o Brasil corre o risco de
virar uma Venezuela, país em grave crise.
Bolsonaro promete ainda acabar com o “coitadismo” de alguns movimentos
sociais. “Isso não pode continuar existindo. Tudo é coitadismo. Coitado
do negro, coitada da mulher, coitado do gay, coitado do nordestino,
coitado do piauiense”, disse em entrevista a uma TV do Piauí.
Diário do Nordeste
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